...é voltar pra casa.
Sendo mais específico: ter uma casa para voltar. Um lugar no qual me sinta... livre, e acolhido, e amado. Um colo, um sorriso, um cheiro.
Algum lugar no qual eu não me sinta como visita. Que eu não tenha hora de ir embora.
Suspeito que só conseguirei isso sozinho. Talvez quando eu morar sozinho, e longe (mesmo que perto), posa voltar pra casa, tirar os sapatos e verdadeiramente... relaxar, talvez? Baixar a guarda? Ser eu mesmo, e não ter vergonha de quem sou? Não consigo expressar adequadamente. Algo se perde na solidez das palavras, sólidas demais pra um sentimento vaporoso.
Eu tenho a percepção, lúcida e cortante, que estou procurando fora algo de que preciso dentro. Não existe uma casa, em algum lugar, que me dará isso. Que terá um batente de porta mágico, que me dará paz de espírito ao passar por ele. Eu sei. Mas eu não consigo procurar dentro de mim. Porque dentro de mim é um pântano, por falta de palavra melhor.
Ela não está no supermercado, ela não está no carro que passa na rua, ela não está na geladeira. Na verdade, ela não está nem mesmo na casa dela. Se fosse lá, e encontrasse aquele ser humano falível e lindo no qual me baseei, ela não estaria lá, apenas algo com a mesma forma e cheiro que ela. Mas não com o mesmo sentimento ou sorriso que ela tem. Porque ela existe dentro de mim, apenas. Não existe mais no mundo externo a mim. Tenho quase certeza que nem mesmo chegou a existir um dia.
É engraçado como alguns amigos dizem: "Você a coloca num pedestal". Não. Eu enxergo so defeitos dela. Eu apenas sou... o que, idiota? o bastante pra apreciá-la em sua totalidade, defeitos inclusos.
Ela, obviamente, não aprecia os meus.
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Houve uma esta de natal com amigos que há muito não via, e houve a ceia de natal na casa de minha mãe, com minha filha, e mãe, e irmã e sobrinhos. Eu me diverti em ambas, e não bebi, e socializei e tirei meus pequenos momentos de prazer de onde pude. De fato, pode-se dizer que surfei o feriado em uma onda de cafeína.
E não me recordo de ter me sentido tão absolutamente sozinho e isolado do mundo recentemente quanto senti nesse feriado. É a diferença entre estar se afogando em uma piscina absolutamente vazia, e outra absolutamente lotada.
Agora irei jogar videogame até que o sono venha. Amanhã vou trabalhar. Meu sorriso está ficando gasto... mas ainda dá pro gasto, creio.
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2 comentários:
Muito bonito, esse começo. Eu só acho que tem, sim, uma casa física, que você cria num lugar, com aquilo que tem dentro de você. Pelo que eu sei, até hoje, essa casa é mesmo feita por uma pessoa só.
Desculpe. Se eu estivesse na minha própria semana de ser sincera, e você tivesse perguntado (nenhum dos dois aconteceu, mas o blog é livre para comentários), eu diria que eu tb acho idealizado. Eu diria que eu imagino o tipo de coisa que você sente, mas eu tb diria que, pelo seu histórico, é coincidência demais a situação vista de fora ser igual à anterior.
E obrigada pelo convite pro blogg, eu realmente gosto de ler o que você escreve. Não me expulse se eu for inconveniente :)
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