Maio acaba, começa Junho. (É, faz tempo que eu escrevi isso.) O inverno se aproxima, e com ele a cristalização da alma. Ainda estou a espera da moto e do smartphone. (Sim, eu _ainda_ estou a espera) Não cobrarei, nem pedirei novamente. Presente tem que ser dado de maneira espontânea e de boa-fé. Se os tivesse comigo, já estariam em uso; como não tenho, vou vivendo sem. Não sei, realmente, porque ainda espero alguma coisa de alguém; pelo menos essa é uma lição que tenho aprendido. É curioso perder o otimismo, mas deve ser parte de toda aquela coisa de 'crescer' e tal.
E cresço, aos trancos e barrancos, resistindo bravamente. Por um breve momento de clareza, percebi que o futuro não importa, que é melhor morrer com boas memórias, e todas aquelas coisas negativas e ao mesmo tempo positivas que escrevo tão bem e tão frequentemente. Talvez o maior crescimento seja a aceitação: de que tudo morre, até o amor, e que não há injustiça nisso. O mundo é justo ao tratar todo mundo com a mesma indiferença.
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Eu sei que você provavelmente vai acabar lendo isto. (De fato, não fala mais comigo, mas ainda verifica se eu atualizei o blog religiosamente.) Não escrevo para você, e sim para mim mesmo, mas estou ciente da audiência eventual. Por favor, não se culpe por nada que leia aqui. Você mostra-se muito arrogante no que concerne os meus sentimentos, mas eles são entidades próprias. Você não pode simplesmente me dar felicidade, e da mesma maneira não é responsável pela ausência dela. Portanto, pare.
Sinto saudades de coisas insólitas: de Campos de Jordão, e Monte Verde, e Socorro. De fins de semana sem dinheiro, sem planos, sem procupações. De arroz com coisinha e estrogonofe de caixinha, de Mc e temaki de madrugada, de noites dormidas de conchinha, e de você cozinhando de calcinha. Sinto falta, realmente, de quando bastava a companhia um do outro, do abraçar silencioso, da ansiedade pelo domingo no sítio, do passeio na banheira.
Mas compreendo que o que sinto falta, mesmo, é de quem éramos. É das pessoas que fomos, dos jovens satisfeitos um com o outro. Esta é uma saudade ingênua, como sentir falta dos dias de infância. É inútil e um desperdício de tempo. Não somos mais aquelas pessoas; somos velhos na alma, bolas felpudas de ansiedade e depressão, corroendo a nós mesmo com velhas mágoas e rancores antigos.
Se há algo que me magoa, não é que você não me queira mais. É compreensível, é normal, faz parte. O que realmente pega-me pelo coração e torce é o fato de você estar infeliz. De você estar miserável, de se ver em um futuro solitário e margo, e isso ainda ser preferível à minha companhia. É difícil de acreditar que eu seja tudo aquilo que você diz a mim e aos outros, este exemplo masculino e cavalheiresco da espécie humana, quando ainda não me comparo a uma casa vazia cheia de gatos e livros.
Porém, isto é apenas meu orgulho falando. É quase um ciúmes imaterial, e algo de que me envergonho.
Obrigado pelas ações furtivas. Foram um bálsamo para meu espírito. Espero que não tenham pesado demais no seu.
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Continuo mais tarde.
sábado, 30 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Branca de Neve e o Caçador: Thor está de volta e... opa, peraí. Em um reino medieval sombrio, de uma rainha fraca de corpo (ui, inverno rigoroso, mesmo eu sendo a rainha e morando em um castelo com todas as lareiras e cobertores do reino acho que vou dar uma morridinha) e espírito (olha, uma rosa, vou pegá-la pelo espinho com força porque eu odeio os meus dedos e quero necrosar um tiquinho) e um rei pervertido (o que é isso, uma mulher acorrentada? Yay bondage, bora casar) nasce Branca de Neve. Ela é a Mais Bela de Todas™, pelo que está no seu coração, como o filme deixa bem explícito, caso o espectador seja retardado, não saiba o que é uma metáfora e realmente ache que isso só tem a ver com beleza física. Considerando que é um filme com a Kristen Stewart, não se pode descontar a possibilidade.
Continuando, a mãe da BdN morre deretardismo crônico gripe, o rei fica emo e vai enfrentar um exército de soldados de vidro com um ponto de vida cada. Em vez de fazer a coisa inteligente, e ficar arremessando pedra de longe (são de vidro, porra!), prefere ir lá e quebrar tudo. Assim aproveita pra diminuir o tamanho do próprio exército sem o sindicato enchendo o saco, suponho. Não há explicação para o que o exército vitral quer, de onde veio, pra onde vai, ou qualquer coisa do gênero, mas ninguém parece se importar. Dentro de uma carruagem que o inimigo estava levando pra passear o rei encontra Charlize Theron acorrentada e suja, fica com uma ereção real e decide casar com ela no dia seguinte, em vez de fazer a coisa inteligente e comê-la no matinho.
É claro que a recém coroada rainha não se sente muito confortável com o rei guardando a espada dele na sua bainha, então resolve guardar a faca dela entre as costelas dele. Sabe como é, pra parecer um acidente. De qualquer maneira, a rainha toma o reino, e em vez de matar a única outra herdeira possível, manda guardá-la no sótão. Porque, como fica óbvio, este é um mundo de gente retardada. Deve ser alguma coisa na água.
Blablabla, sob o julgo da Rainha o reino torna-se ainda mais sombrio e morto (lembra aquilo sobre sutileza e metáforas que eu disse um pouco antes?), e BdN cresce na torre, enquanto a Rainha fica chapada e segue as orientações da suaalucinação espelho mágico e come as menininhas bonitinhas pra se manter eternamente jovem. Meu, se isso funcionasse, o Mick Jagger não teria aquela cara detonada dele.
Anyway, BdN foge com a ajuda dos animais da floresta sombria, e eu não acredito que acabei de escrever essa frase seriamente, e a Rainha manda Thor ir buscá-la. Infelizmente, Thor perdeu o martelo e a tintura de cabelo, e resolveu encher a cara por causa disso. Ele a encontra, eles fogem juntos, vivem mil aventuras emocionantes com uma turminha do barulho armando altas confusões, e eu já revelei o suficiente do plot.
Chris Hemsworth é muito possivelmente o homem mais bonito do planeta no momento, mas parece estar preso em exatamente um personagem. Vejo um futuro muito parecido com o dos atores de LotR pra ele. Kristen Stewart está absolutamente perdida no papel, no filme, e eu acho que em Hollywood. A minha teoria é que ela é fruto de uma aposta entre empresários do cinema, sobre quem conseguiria transformar a pessoa mais insípida e sem talento que achasse em uma estrela com top billing. Os melhores atores do filme estão nos piores papéis: os anões, que só estão lá porque a história original tinha anões e que diabos, a gente tem que seguir o conto de fadas!
Thor (eu realmente acho que eles nem falam o nome do caçador no filme, de qualquer maneira) é claramente um inútil, que não consegue proteger ninguém, não ganha uma briga de ninguém, e só parece competente em comparação com BdN. Quando ela deixa de ser donzela (figurativamente, diga-se. Ela continua virgem, como a imagem sacro-cristã dela exige) e vira heroína, ele e jogado tão pra escanteio que você chega a esquecer que existe.
Charlize Theron teve toda a oportunidade de transformar Ravenna em uma personagem complexa e até mesmo 'gostável', e arruina tudo com o seu histrionismo. Se ela tivesse feito toda a atuação de maneira idêntica, apenas trocando os gritos por sussurros, teria criado uma personagem memorável.
E isso é tudo que há pra se dizer sobre o filme Talvez fosse menos crítico a respeito se não tivesse o assistido com um neném chorando e me chutando de um lado e com a mais suave das distrações de outro.
Continuando, a mãe da BdN morre de
É claro que a recém coroada rainha não se sente muito confortável com o rei guardando a espada dele na sua bainha, então resolve guardar a faca dela entre as costelas dele. Sabe como é, pra parecer um acidente. De qualquer maneira, a rainha toma o reino, e em vez de matar a única outra herdeira possível, manda guardá-la no sótão. Porque, como fica óbvio, este é um mundo de gente retardada. Deve ser alguma coisa na água.
Blablabla, sob o julgo da Rainha o reino torna-se ainda mais sombrio e morto (lembra aquilo sobre sutileza e metáforas que eu disse um pouco antes?), e BdN cresce na torre, enquanto a Rainha fica chapada e segue as orientações da sua
Anyway, BdN foge com a ajuda dos animais da floresta sombria, e eu não acredito que acabei de escrever essa frase seriamente, e a Rainha manda Thor ir buscá-la. Infelizmente, Thor perdeu o martelo e a tintura de cabelo, e resolveu encher a cara por causa disso. Ele a encontra, eles fogem juntos, vivem mil aventuras emocionantes com uma turminha do barulho armando altas confusões, e eu já revelei o suficiente do plot.
Chris Hemsworth é muito possivelmente o homem mais bonito do planeta no momento, mas parece estar preso em exatamente um personagem. Vejo um futuro muito parecido com o dos atores de LotR pra ele. Kristen Stewart está absolutamente perdida no papel, no filme, e eu acho que em Hollywood. A minha teoria é que ela é fruto de uma aposta entre empresários do cinema, sobre quem conseguiria transformar a pessoa mais insípida e sem talento que achasse em uma estrela com top billing. Os melhores atores do filme estão nos piores papéis: os anões, que só estão lá porque a história original tinha anões e que diabos, a gente tem que seguir o conto de fadas!
Thor (eu realmente acho que eles nem falam o nome do caçador no filme, de qualquer maneira) é claramente um inútil, que não consegue proteger ninguém, não ganha uma briga de ninguém, e só parece competente em comparação com BdN. Quando ela deixa de ser donzela (figurativamente, diga-se. Ela continua virgem, como a imagem sacro-cristã dela exige) e vira heroína, ele e jogado tão pra escanteio que você chega a esquecer que existe.
Charlize Theron teve toda a oportunidade de transformar Ravenna em uma personagem complexa e até mesmo 'gostável', e arruina tudo com o seu histrionismo. Se ela tivesse feito toda a atuação de maneira idêntica, apenas trocando os gritos por sussurros, teria criado uma personagem memorável.
E isso é tudo que há pra se dizer sobre o filme Talvez fosse menos crítico a respeito se não tivesse o assistido com um neném chorando e me chutando de um lado e com a mais suave das distrações de outro.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Solo
Woo, três mil visitas! Das quais umas duas mil são minhas, e o resto de vouyers anônimos. E, é claro, nosso queridíssimo googlebot. Oi, googlebot!
Mais um curso, mais um fluxo de consciência pra passar o tempo. Não sei dizer se é sorte ou azar meu o fato de que aprendo tão bem apenas ouvindo, sem prestar atenção. meu subconsciente é mais inteligente que o resto de mim. Há muitos professores e tutores que sentem-se desrespeitados por isso; felizmente, os mais iluminados dos mestres compreendem as diferentes formas de aprendizado, e as aceitam.
Muito interessante o tutor estar falando sobre como a maioria dos afastamentos do trabalho atualmente não se devem a problemas ósteo-musculares decorrentes da atividade, e sim por problemas psicológicos. Muitas vezes já perdi dias de trabalho por causa de meus probleminha, mas nunca realmente cogitei pedir afastamento por isso. Por que será? Acho que, apesar de entender racionalmente o desequilíbrio químico que me afeta, ainda me envergonho um pouco do que me aflige. Suponho que veja isso como uma fraqueza, pés de barro na imagem que crio de mim mesmo.
Assisti três filmes recentemente. Falarei deles na ordem em que os assisti. Os três mostraram-se satisfatórios, cada um a sua maneira, dentro da proposta.
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Missão Impossível 4: Ethan Hunt está de volta! Em uma missão de infiltração no Kremlin pela equipe IMF, é efetuado um atentado a bomba, e a equipe IMF é culpada pelo ocorrido. Ethan e seu time tem de correr contra o tempo (tempus fugit!) para encontrar os verdadeiros culpados e evitar WWIII, com recursos limitados e sem o apoio do governo.
Soa clichê? É clichê! E o filme abraça os clichês, brinca com eles, e os leva a sério. É a epítome do filme de ação e espião over-the-top. Tom Cruise parece um pouco cansado, como pede o plot do filme, mas continua interpretando Tom Cruise, superespião. Além disso, tem uma agente completamente esquecível (Paula Patton), Simon Pegg no papel de sempre, e as melhores surpresas do filme: Léa Seydoux como uma assassina de aluguel e oGavião Arqueiro Jeremy Renner como um agente com um segredo em seu passado.
O filme diverte, dentro dos seus propósitos. Ação corrida, bodegas tecnológicas, vilões e mocinhos bem delineados, localizações exóticas, carros bacanas, luta de mulheres, explosões, Tom Cruise escalando algum objeto muito alto. É a experiência completa, perfeita pra assistir com um balde de pipoca no colo e o cérebro na estante.
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Homens de Preto 3: os agentes J e K estão de volta! Um antigo desafeto do agente K(Tommy Lee Jones) foge da prisão de segurança máxima na Lua e viaja de volta no tempo, para a época de seu aprisionamento, e mata K antes que possa ser preso. Como a única pessoa que se lembra dos fatos, J (Barack Obama Will Smith) viaja de volta no tempo atrás do canalha e torna-se parceiro do jovem Agente K, interpretado magnificamente por Josh Brolin.
A película utiliza-se muito bem dos sets e características do fim dos anos 60 e início dos 70, tanto de maneira óbvia quanto sutil. A agente O (Emma Thompson) trabalhando de secretária no MIB, de saia e laquê, é um dos melhores elementos, assim como o neuralizador 'portátil'.
É interessante como Smith e Lee Jones envelheceram bem, e como o filme reconhece que já foram 14 anos desde os acontecimentos do primeiro filme, e Will Smith já não é um novato bobinho. Os melhores papéis, porém, são de Brolin como um agente K antes de perder a alma, e Michael Stuhlbarg como Griff, o compreensivelmente perturbado alien que vive em todos os momentos ao mesmo tempo. É claro que fica a pergunta: como uma raça que prevê o futuro e tinha tecnologia suficiente pra criar a arma que protege um planeta inteiro dos vilões, conseguiu ser extinta por esses mesmos vilões?
Dentro do esperado, tudo é óbvio e previsível no filme... exceto Andy Warhol. Talvez sejamos nós a raça que vê o futuro.
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Isto acima é apenas um quarto do que escrevi hoje. Vou diluir o post pela semana. No próximo episódio: uma análise excessivamente longa de Branca de Neve e o Caçador, e uma reflexão profunda sobre a esperança.
Mais um curso, mais um fluxo de consciência pra passar o tempo. Não sei dizer se é sorte ou azar meu o fato de que aprendo tão bem apenas ouvindo, sem prestar atenção. meu subconsciente é mais inteligente que o resto de mim. Há muitos professores e tutores que sentem-se desrespeitados por isso; felizmente, os mais iluminados dos mestres compreendem as diferentes formas de aprendizado, e as aceitam.
Muito interessante o tutor estar falando sobre como a maioria dos afastamentos do trabalho atualmente não se devem a problemas ósteo-musculares decorrentes da atividade, e sim por problemas psicológicos. Muitas vezes já perdi dias de trabalho por causa de meus probleminha, mas nunca realmente cogitei pedir afastamento por isso. Por que será? Acho que, apesar de entender racionalmente o desequilíbrio químico que me afeta, ainda me envergonho um pouco do que me aflige. Suponho que veja isso como uma fraqueza, pés de barro na imagem que crio de mim mesmo.
Assisti três filmes recentemente. Falarei deles na ordem em que os assisti. Os três mostraram-se satisfatórios, cada um a sua maneira, dentro da proposta.
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Missão Impossível 4: Ethan Hunt está de volta! Em uma missão de infiltração no Kremlin pela equipe IMF, é efetuado um atentado a bomba, e a equipe IMF é culpada pelo ocorrido. Ethan e seu time tem de correr contra o tempo (tempus fugit!) para encontrar os verdadeiros culpados e evitar WWIII, com recursos limitados e sem o apoio do governo.
Soa clichê? É clichê! E o filme abraça os clichês, brinca com eles, e os leva a sério. É a epítome do filme de ação e espião over-the-top. Tom Cruise parece um pouco cansado, como pede o plot do filme, mas continua interpretando Tom Cruise, superespião. Além disso, tem uma agente completamente esquecível (Paula Patton), Simon Pegg no papel de sempre, e as melhores surpresas do filme: Léa Seydoux como uma assassina de aluguel e o
O filme diverte, dentro dos seus propósitos. Ação corrida, bodegas tecnológicas, vilões e mocinhos bem delineados, localizações exóticas, carros bacanas, luta de mulheres, explosões, Tom Cruise escalando algum objeto muito alto. É a experiência completa, perfeita pra assistir com um balde de pipoca no colo e o cérebro na estante.
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Homens de Preto 3: os agentes J e K estão de volta! Um antigo desafeto do agente K(Tommy Lee Jones) foge da prisão de segurança máxima na Lua e viaja de volta no tempo, para a época de seu aprisionamento, e mata K antes que possa ser preso. Como a única pessoa que se lembra dos fatos, J (
A película utiliza-se muito bem dos sets e características do fim dos anos 60 e início dos 70, tanto de maneira óbvia quanto sutil. A agente O (Emma Thompson) trabalhando de secretária no MIB, de saia e laquê, é um dos melhores elementos, assim como o neuralizador 'portátil'.
É interessante como Smith e Lee Jones envelheceram bem, e como o filme reconhece que já foram 14 anos desde os acontecimentos do primeiro filme, e Will Smith já não é um novato bobinho. Os melhores papéis, porém, são de Brolin como um agente K antes de perder a alma, e Michael Stuhlbarg como Griff, o compreensivelmente perturbado alien que vive em todos os momentos ao mesmo tempo. É claro que fica a pergunta: como uma raça que prevê o futuro e tinha tecnologia suficiente pra criar a arma que protege um planeta inteiro dos vilões, conseguiu ser extinta por esses mesmos vilões?
Dentro do esperado, tudo é óbvio e previsível no filme... exceto Andy Warhol. Talvez sejamos nós a raça que vê o futuro.
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Isto acima é apenas um quarto do que escrevi hoje. Vou diluir o post pela semana. No próximo episódio: uma análise excessivamente longa de Branca de Neve e o Caçador, e uma reflexão profunda sobre a esperança.
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