...é voltar pra casa.
Sendo mais específico: ter uma casa para voltar. Um lugar no qual me sinta... livre, e acolhido, e amado. Um colo, um sorriso, um cheiro.
Algum lugar no qual eu não me sinta como visita. Que eu não tenha hora de ir embora.
Suspeito que só conseguirei isso sozinho. Talvez quando eu morar sozinho, e longe (mesmo que perto), posa voltar pra casa, tirar os sapatos e verdadeiramente... relaxar, talvez? Baixar a guarda? Ser eu mesmo, e não ter vergonha de quem sou? Não consigo expressar adequadamente. Algo se perde na solidez das palavras, sólidas demais pra um sentimento vaporoso.
Eu tenho a percepção, lúcida e cortante, que estou procurando fora algo de que preciso dentro. Não existe uma casa, em algum lugar, que me dará isso. Que terá um batente de porta mágico, que me dará paz de espírito ao passar por ele. Eu sei. Mas eu não consigo procurar dentro de mim. Porque dentro de mim é um pântano, por falta de palavra melhor.
Ela não está no supermercado, ela não está no carro que passa na rua, ela não está na geladeira. Na verdade, ela não está nem mesmo na casa dela. Se fosse lá, e encontrasse aquele ser humano falível e lindo no qual me baseei, ela não estaria lá, apenas algo com a mesma forma e cheiro que ela. Mas não com o mesmo sentimento ou sorriso que ela tem. Porque ela existe dentro de mim, apenas. Não existe mais no mundo externo a mim. Tenho quase certeza que nem mesmo chegou a existir um dia.
É engraçado como alguns amigos dizem: "Você a coloca num pedestal". Não. Eu enxergo so defeitos dela. Eu apenas sou... o que, idiota? o bastante pra apreciá-la em sua totalidade, defeitos inclusos.
Ela, obviamente, não aprecia os meus.
---
Houve uma esta de natal com amigos que há muito não via, e houve a ceia de natal na casa de minha mãe, com minha filha, e mãe, e irmã e sobrinhos. Eu me diverti em ambas, e não bebi, e socializei e tirei meus pequenos momentos de prazer de onde pude. De fato, pode-se dizer que surfei o feriado em uma onda de cafeína.
E não me recordo de ter me sentido tão absolutamente sozinho e isolado do mundo recentemente quanto senti nesse feriado. É a diferença entre estar se afogando em uma piscina absolutamente vazia, e outra absolutamente lotada.
Agora irei jogar videogame até que o sono venha. Amanhã vou trabalhar. Meu sorriso está ficando gasto... mas ainda dá pro gasto, creio.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Pinte
Uma imagem mental que me veio no banho, este lugar terrível de se pensar. Minha vida é um mosaico, que vim construindo nos últimos anos. Pedaços meus, pedaços dela, pedaços meu e dela. Nenhum particularmente relevante se vistos de perto, mas que de longe, formam uma imagem coerente e colorida.
E agora eu perdi todos os pedaços dela, e meu e dela. Sobraram só os meus pedaços, e os fragmentos dos pedaços que dividíamos. E não há pedaços meus o bastante pra preencher toda a armação. Terei que me diluir, e fazer uma aquarela. Transformar minha vida em uma caótica e nonsense pintura experimental de aquarela de preto sobre preto.
E agora eu perdi todos os pedaços dela, e meu e dela. Sobraram só os meus pedaços, e os fragmentos dos pedaços que dividíamos. E não há pedaços meus o bastante pra preencher toda a armação. Terei que me diluir, e fazer uma aquarela. Transformar minha vida em uma caótica e nonsense pintura experimental de aquarela de preto sobre preto.
domingo, 9 de dezembro de 2012
En route
Eu estou morrendo.
Eu estou morrendo, sozinho, uma gota de sangue, suor e lágrima de cada vez.
O silêncio dela me agride como nada mais poderia. O vazio dos dias é... pesado.
---
Me corto. Não sei porquê. Parece que o meu desespero fritou o centro de dor que há no meu cérebro, e não sinto mais dor física por mais que um segundo ou dois. Meu braço parece meu pequeno mapa ao inferno, feito de retas escarlates.
E arranquei um dente essa semana. Ele estava me incomodando, então fiu ao banheiro com dois removedores de grampo e o arranquei em uma mini-explosão de sangue, me limpei, e voltei ao trabalho. Isso me fez pensar o que mais eu conseguiria fazer comigo mesmo sem me importar com a dor. Será que conseguiria fazer como Dali, e arrancar uma orelha? Ou talvez um dedo? Eu precisaria de uma faca de destrinchar pra isso; não acho que minha navalha sirva pra mais que esses cortes superficiais e inconsequentes que faço.
Não quero pensar nisso.
---
A culpa não é dela. A responsabilidade não é dela. Eu estraguei tudo. Ela deveria se afastar de mim. Eu ofereço perigo a mim mesmo e a outros. Ela merece algo melhor. Ela tem a minha alma na palma da mão dela, e a acha nojenta.
---
Em alguns momentos, consigo sentir o ponto de ruptura da minha mente, e o acaricio. Sinto aqueles momentos chaves em que, se eu começar a rir, ou a chorar, não vou parar mais. Aquele nível de sanidade que, se cair abaixo dele, vai tornar-se o novo valor padrão.
---
Eu não ouço vozes, eu não vejo coisas que não estão lá, eu não sinto insetos rastejando sob minha pele, e quando olho no espelho, vejo meu rosto, em toda sua glória despenteada e barbuda. Eu não tenho pensamentos homicidas, eu não desejo mal a ninguém, e tento ser agradável e sociável com todos que encontro.
Eu apenas planejo meu suicído. Continuamente. Inutilmente. Eu não irei me matar. Não sou egoísta o bastante pra isso ainda.
Eu estou morrendo, sozinho, uma gota de sangue, suor e lágrima de cada vez.
O silêncio dela me agride como nada mais poderia. O vazio dos dias é... pesado.
---
Me corto. Não sei porquê. Parece que o meu desespero fritou o centro de dor que há no meu cérebro, e não sinto mais dor física por mais que um segundo ou dois. Meu braço parece meu pequeno mapa ao inferno, feito de retas escarlates.
E arranquei um dente essa semana. Ele estava me incomodando, então fiu ao banheiro com dois removedores de grampo e o arranquei em uma mini-explosão de sangue, me limpei, e voltei ao trabalho. Isso me fez pensar o que mais eu conseguiria fazer comigo mesmo sem me importar com a dor. Será que conseguiria fazer como Dali, e arrancar uma orelha? Ou talvez um dedo? Eu precisaria de uma faca de destrinchar pra isso; não acho que minha navalha sirva pra mais que esses cortes superficiais e inconsequentes que faço.
Não quero pensar nisso.
---
A culpa não é dela. A responsabilidade não é dela. Eu estraguei tudo. Ela deveria se afastar de mim. Eu ofereço perigo a mim mesmo e a outros. Ela merece algo melhor. Ela tem a minha alma na palma da mão dela, e a acha nojenta.
---
Em alguns momentos, consigo sentir o ponto de ruptura da minha mente, e o acaricio. Sinto aqueles momentos chaves em que, se eu começar a rir, ou a chorar, não vou parar mais. Aquele nível de sanidade que, se cair abaixo dele, vai tornar-se o novo valor padrão.
---
Eu não ouço vozes, eu não vejo coisas que não estão lá, eu não sinto insetos rastejando sob minha pele, e quando olho no espelho, vejo meu rosto, em toda sua glória despenteada e barbuda. Eu não tenho pensamentos homicidas, eu não desejo mal a ninguém, e tento ser agradável e sociável com todos que encontro.
Eu apenas planejo meu suicído. Continuamente. Inutilmente. Eu não irei me matar. Não sou egoísta o bastante pra isso ainda.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
domingo, 2 de dezembro de 2012
Assinar:
Comentários (Atom)